SABERES QUILOMBOLAS E A AUTOPERCEPÇÃO EM SAÚDE: UMA ANÁLISE DO USO DA MEDICINA POPULAR
DOI:
https://doi.org/10.17564/2316-3801.2025v12n3p204-219Resumo
Os quilombolas da Amazônia apresentam uma histórica relação com plantas medicinais em benefício da saúde dos integrantes de sua comunidade. Este estudo objetivou identificar a autopercepção em saúde, correlacionando-a ao uso da medicina popular com plantas medicinais, entre usuários de comunidades quilombolas de uma cidade do oeste do estado do Pará, Brasil. Trata-se de um estudo epidemiológico, com 63 domicílios selecionados, em duas comunidades quilombolas situados na região de várzea. Os dados foram coletados por um inquérito de saúde e foram analisados pelo programa SPSS. Observou-se que a maioria dos entrevistados considera o seu estado de saúde como “Bom” (55,56%), no histórico pessoal de doenças se destacaram as parasitoses (20,49%) e a hipertensão arterial (14,75%), no histórico familiar das pessoas que residem com o entrevistado, a hipertensão arterial (14,17%) e a diabetes mellitus (12,60%) prevaleceram. Com relação a utilização de práticas alternativas, 83,87% fazem uso de alguma planta ou erva, sem procurar atendimento com profissional de saúde. Das práticas alternativas, o chá de cidreira (24,73%) e o de capim santo (22,58%) foram os mais mencionados. Houve associação entre a utilização de chás/erva com a autoavaliação positiva em saúde (p= 0,020). Conclui-se que a autopercepção de saúde não foi afetada negativamente, apesar de a maior parte dos indivíduos terem referido histórico pessoal de doenças crônicas. A associação entre a utilização de chás de erva medicinais com uma autoavaliação positiva em saúde reforça a tese de que as práticas alternativas devem ser motivadas entre comunidades quilombolas, desde que orientadas por profissionais da saúde.