A PERDA DE UM FAMILIAR POR COVID-19: UM ESTUDO FILOSÓFICO
DOI:
https://doi.org/10.17564/2316-3801.2025v12n3p318-333Resumo
O artigo objetivou compreender o sentido da vida após a perda de um familiar por covid-19. Estudo qualitativo, fenomenológico, desenvolvido no domicílio dos familiares, em junho a setembro de 2024, tendo como referencial teórico metodológico Martin Heidegger. De acordo com o círculo hermenêutico heideggeriano foram identificadas duas unidades de significado: O ser frente ao "novo-trabalho-à-mente" e O ser que "pertence-a-Deus". As repercussões na vida do familiar confrontam a aparente segurança de sua existência, tornando-se fatídicas na construção do sentido do ser. A situação ameaçadora de ter um familiar com covid 19 atemoriza e ressignifica o modo de ser e direciona para o enfrentamento consciente, evitando a inesperada perda que desafia a tranquilidade frente ao “não ser”. Emerge o "novo-trabalho-à-mente", em que o familiar busca uma ocupação como forma de distração, numa tentativa de evitar o confronto direto com a dor e a angústia. E, para encontrar um novo sentido à vida, como estratégia de superação, transforma a própria existência diante da ausência, tensão e provação, descortinando a sua libertação, o que configura na sua essência espiritual, buscando a fé no "ser que pertence-a-Deus". A pandemia covid-19 revelou não apenas a profundidade da experiência do luto frente à perda de um familiar, mas a força transformadora na própria existência. O estudo integra a reflexão sobre o luto, a finitude e o papel da filosofia na saúde.
PALAVRAS-CHAVE: Covid-19. Mortalidade. Luto. Familiares. Filosofia em Enfermagem.